domingo, 14 de setembro de 2014

Cinco Razões Indicam que o Multiverso Pode Não Ser Apenas Uma Teoria



Até bem pouco tempo, tinha-se como certo o conceito de que o "Universo" que nós "conhecemos" (se podemos dizer assim, pois tudo que se conhece não é nem um terço dele) inclui tudo que existe. No entanto, descobertas mais recentes reforçam a hipótese de que isto pode não ser verdade. Descobertas astronômicas mais recentes estão revelando que é muito grande a possibilidade de que os chamados "universos paralelos", até agora considerados apenas como temas de ficção científica, sejam reais. Eles denominam esse conjunto de universos de alguma forma conectados entre si como "multiverso" ou "multiuniverso". Esses estudiosos estão cada vez mais propensos a aceitar como real a ideia de que o universo do qual fazemos parte é apenas uma pequena parte da realidade física.
Esses novos estudos são fundamentados na cosmologia e na teoria quântica. A cosmologia é o ramo da astronomia que estuda o Cosmos, que erroneamente é considerado pelos leigos como sendo o mesmo que "universo". Na verdade, o Cosmos é um conjunto que inclui este e todos os universos que possam existir. Portanto, a palavra "cosmonauta", usada para se referir ao viajante espacial originário da Terra, é inadequado, uma vez que os astronautas terrestres ainda estão longe de ser capazes de viajar de um universo para outro. 
Os cientistas dizem
que a teoria do multiverso
é a mais adequada
para explicar a existência dos buracos negros.

A teoria quântica se baseia nos estudos da mecânica quântica, que relaciona dimensões próximas ou abaixo da escala dos átomos. Esses estudos incluem análises de moléculas e dos átomos e suas partículas (elétrons, prótons e nêutrons) e outras partículas subatômicas. Apesar de ser chamada de "teoria", ela fornece dados reais precisos para fenômenos aparentemente inexplicáveis, porém reais, como a supercondutividade (nome dado ao fenômeno em que certos materiais submetidos a temperaturas extremamente baixas conduzem corrente elétrica sem resistência nem perdas). Junto com a cosmologia, as interpretações da mecânica quântica permitem a concepção de várias ideias relacionadas à Teoria da Relatividade, configurando uma "quase certeza" de que existem inúmeros universos relacionados entre si. Leia mais sobre a Teoria da Relatividade aqui: 
"O Enigma da TGU (Teoria da Grande Unificação)".
Os cientistas apontam cinco razões básicas que lhes levam a crer na possível existência do multiverso. Eles destacam que não podem ter certezas sobre a forma do espaço-tempo, mas informam que os estudos indicam que essa relação é plana e, ao que parece, infinita. Isto significa que, se a relação espaço-tempo se interrompe em algum ponto, deve começar em outro, porque há muitas formas pelas quais as partículas atômicas e subatômicas se desfazem e se reorganizam no espaço e no tempo. O limite do universo que podemos observar até agora se estende a até cerca de 13 bilhões de anos-luz. Isto quer dizer que a luz proveniente de lá demorou pouco mais de 13 bilhões de anos para ser observada da Terra. Por isto os cientistas supõem que o "Big Bang" - a grande explosão que deu origem a "este" Universo - tenha ocorrido há cerca de 13 bilhões de anos. Isto torna também provável que o "Big Bang", na verdade, tenha sido um efeito de um fortíssimo buraco negro que trouxe para este Universo os "ingredientes" necessários para sua formação, provenientes de um universo paralelo (leia "O Enigma dos Buracos Negros").
A segunda razão é um fenômeno chamado "inflação eterna". Os cientistas dizem que, já que múltiplos universos podem ser criados pela extensão aparentemente infinita do espaço-tempo, outros universos podem surgir, considerando que o "Big Bang" que deu origem ao nosso causou um fenômeno de inflação semelhante ao de um balão infinitamente grande, e ainda está se inflando ou pelo menos se inflou durante cerca de 13 bilhões de anos. Alexander Vilenkin, cosmologista da Universidade Tufts, em Massachusetts, Estados Unidos, sugere que alguns bolsões no espaço pararam de inflar mas deram origem a outros, o que pode ter resultado na origem de muitos universos isolados e/ou conectados entre si.
A terceira razão é a possibilidade da existência, em nosso próprio planeta, de outras dimensões além das de espaço e tempo. Isto alimenta a suposição de que outros espaços tridimensionais possam existir num espaço de dimensão superior. Os astrônomos 
Paul Steinhardt, da Universidade de Princeton (Estados Unidos), e Neil Turok, do Instituto de Física Teórica em Ontário (Canadá), explicam que isto refere à noção de que universos paralelos podem estar pairando fora do alcance do universo que conhecemos. O físico Briean Greene, da Universidade de Colúmbia, nos Estados Unidos, disse que é bem provável que o nosso universo seja apenas um dos potencialmente numerosos universos flutuantes num espaço de dimensões mais elevadas.
A quarta razão se baseia no fato de que a mecânica quântica traz resultados em termos de probabilidades, não definitivos, mas os cálculos matemáticos dessa teoria sugerem que todos os resultados possíveis de uma situação realmente ocorrem. O detalhe é que ocorrem em seus próprios universos separados. Um exemplo prático isto:


Suponhamos que você esteja numa rua mas tenha que entrar em outra. Você tem duas opções: uma rua à esquerda e outra à direita. Substitua as três ruas por universos. Originam-se assim dois "universos filhos": um à direita e outro à esquerda. Em cada um deles, há uma cópia de você mesmo(a), pensando incorretamente que sua própria realidade é a única que existe.
A quinta e - até agora - última razão é relacionada a universos matemáticos. Além de ser útil para descrever o universo, a matemática como ciência exata (ou quase exata) é ideal para estabelecer realidades fundamentais. Isto torna nossas percepções do universo imperfeitas em relação à sua verdadeira natureza sob o ponto de vista matemático. 


Se essas cinco razões não são suficientes, há uma sexta que me parece mais importante. Esses mesmos cientistas afirmam que a existência do multiverso é a única explicação possível encontrada até agora para a quantidade enorme de energia escura contida no Universo que conhecemos. Isto tem intrigado cientistas de todo o mundo há décadas. Cerca de 74% do Universo parece ser feito dessa energia e 22% parecem ser uma misteriosa matéria escura que só pode ser detectada quando os astrônomos observam sua força gravitacional. Ou seja, são os "buracos negros". Apenas quatro por cento deste Universo é composto por algo visível ou tocável: matéria comum. Segundo os cientistas, nenhuma teoria diferente da do multiuniverso é suficiente para explicar as causas de tal fenômeno. 



Fontes: 
  • Revista "Ciência Hoje", n.º 14, Vol. III - Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
  • Hype Science
  • "Five Reasons We May Live in a Multiverse" ("Cinco Razões Pelas Quais Devemos Estar Vivendo num Multiverso"), de Carla Moscovitz - Revista "Scientifc American", Estados Unidos. 
  • Ilustrações: Arquivo Google.

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