segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Hábito de Rabiscar Paredes é Muito Importante para o Desenvolvimento das Crianças


Muitas pessoas condenam a "mania" que se tem, no Brasil, de "copiar" costumes de outros países. É claro que não devemos "copiar" tudo, mas creio que certas coisas vindas do exterior deveriam ser bem recebidas, pois seriam muito salutares. Por exemplo:
Sabemos que crianças muito novinhas têm o hábito de pegar uma caneta e rabiscar as paredes da casa. Quando isto acontece, os pais e as mães cometem o erro duplo de brigarem com a criança e, às vezes, um erro ainda mais grave: de bater na criança por isto. Digo "erro duplo" por dois motivos: 
1 - Os adultos da família é que deveriam estar "de olho" na criança para que ela não fizesse isto.
2 - Se os pais ou mães - e demais adultos na família - não podem estar "de olho" na criança o tempo todo, não deveriam deixar uma caneta ao alcance dela. 
Isto acontece porque infelizmente a maioria dos brasileiros não tem o saudável hábito de dedicar um pouco de seu tempo a leituras. Se os pais e as mães lessem mais sobre o comportamento das crianças (existem muitas revistas especializadas sobre isto), saberiam que o ato de rabiscar as paredes é extremamente saudável e necessário para o bem estar da criança.   
Outro motivo: é comum, no Brasil, pais e mães manterem o erradíssimo raciocínio do tipo "educo meus filhos do mesmo jeito que meus pais me educaram" - o que significa que eles não levam em consideração a necessária evolução no processo de educação. Com avanço do tempo, os conceitos precisam ser modificados. Isto não quer dizer que tenhamos que abandonar conceitos anteriores, mas temos que adotar conceitos novos e adaptar os anteriores de acordo com as necessidades dos dias atuais.
Nos Estados Unidos e em alguns outros países, algumas famílias mantêm o saudável hábito de permitir que as crianças em qualquer idade rabisquem as paredes quando e como elas quiserem. Além de destinar um cômodo da casa só para isto, os pais compram materiais de tinta não tóxica, lápis de cera, etc., e os deixam totalmente à disposição das crianças no compartimento reservado exclusivamente para suas atividades. Segundo especialistas, isto ajuda as crianças a desenvolverem seus dons artísticos e, como elas praticam mais a escrita nas paredes, também facilita o desenvolvimento de aprendizagem escolar. Como vemos, não é sem razão que muitos jovens americanos se tornam grandes cientistas e empreendedores em diversas atividades empresariais antes de completar 30 anos de idade.
Em alguns sites e blogs, encontrei recomendações para que os pais  deem aos filhos instrumentos musicais para que estes deixem de lado o hábito de rabiscar paredes. Não concordo com isto. Se a criança quer rabiscar paredes, isto significa que ela quer desenhar ou escrever, e essas atividades nada tem a ver com música. Se o objetivo é fazer com que a criança pare de riscar paredes, o mais sensato seria lhe dar materiais para desenho e escrita, que são facilmente encontrados em qualquer papelaria, e tem tudo a ver com o que a criança quer. 
Fonte: Revista Nova Escola, da Editora Abril.

A psicóloga norte americana Rhoda Kellogg tem estudado profundamente os motivos que levam as crianças a terem prazer em rabiscar coisas, inclusive móveis e paredes. Ela observou cuidadosamente mais de 300 mil casos envolvendo crianças de diversas faixas etárias. Um desses casos foi registrado através da foto ao lado: rabiscos numa folha de papel feitos por uma menina norte americana com três anos de idade. Segundo Rhoda, a própria criança lhe contou que sua intenção era desenhar um cavalo. Este foi um rabisco feito numa folha de papel dada à criança pela psicóloga, mas seria o mesmo que a  menina teria feito numa parede. Rhoda explicou que os desenhos evoluem: são como este até os dois ou três anos, depois passam a ser mais figurativos por volta dos quatro anos de idade, representando uma forma de ocupar um espaço ainda vazio no papel ou na parede - o que os especialistas chamam de "modelo implantação".
Novos estudos tem revelado que durante o período em que passa a desenhar nas paredes, a criança experimenta efeitos de diferentes materiais e desenvolve formas de manipulá-los. Para os especialistas, as crianças acreditam que "ver é crer". Isto explica o caso da menina de três anos: não conseguimos ver o cavalo que ela tentou desenhar, mas para ela o cavalo estava ali. Para Rosa Iavelberg (*), o desenho nas paredes (que nós, adultos, chamamos de "rabisco") se desenvolve a partir das observações que a própria criança faz sobre suas produções gráficas. Ou seja: isto também contribui para que ela tenha uma melhor grafia ao tentar escrever.
A pesquisadora brasileira e a norte americana afirmam que quando a criança desenha ou escreve na parede, o desenho tende a se tornar mais expressivo do que no papel porque causa a necessidade de uma combinação bem afinada entre a mão, o objeto utilizado (caneta, lápis ou o que for) e os gestos da criança ao desenhar. Isto acontece por causa da posição horizontal da parede, e faz com que o desenho se torne mais expressivo para a própria criança. Isto é: através do desenho, a criança expressa o que pensa, mas infelizmente a maioria dos adultos - especialmente os pais e mães - não entende desta forma porque não se interessa em se manter informado sobre isto.

(*) Rosa Iavelberg, especialista em desenho e professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP).

Fonte: Revista Nova Escola - online
http://revistaescola.abril.com.br/crianca-e-adolescente/desenvolvimento-e-aprendizagem/rabiscos-ideias-desenho-infantil-garatujas-evolucao-cognicao-expressao-realidade-518754.shtml

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