sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Como se estabelece um conceito para "família"?

O número de "casais" de mesmo sexo está crescendo
e isto certamente provoca mudanças sociais radicais.
Ilustração: Ipernity
Por razões
mais sociais do que gramaticais,
a palavra "família"
está ganhando
definições novas e variadas.


Porém, a verdade é que cada pessoa sempre teve um conceito individual sobre "família". Eu, por exemplo, considero como "família" todo o conjunto de pessoas com alguma relação de parentesco, envolvendo pais, mães, avôs, avós, tios, tias, primos, irmãos, irmãs, filhos, filhas, etc., e as pessoas relacionadas a estas como esposos e esposas. Para outras pessoas, "família" significa simplesmente "pai, mãe e filhos(as)". Entretanto, com o passar do tempo, ocorrem mudanças radicais nas estruturas de qualquer tipo de sociedade. Atualmente, no caso da nossa sociedade, o simples fato de a união entre duas pessoas do mesmo sexo - ou, como algumas pessoas preferem dizer, "do mesmo gênero" - ser chamada de "casal" já muda muitos conceitos, ou pelo menos mantém os conceitos tradicionais para algumas pessoas e traz outros para outras. Pelo menos segundo as regras ainda vigentes da língua portuguesa, "casal" é uma dupla de seres de uma mesma espécie mas de sexos diferentes. É o caso de um leão e uma leoa, um cão e uma cadela, um homem e uma mulher, etc. 
O que tradicionalmente chamamos de "família" é um grupo social que influencia e ao mesmo tempo é influenciado por outras pessoas e instituições governamentais e não governamentais. Esse grupo formado por pessoas  (pai, mãe e filhos) ou por grupos de pessoas ligados entre si por descendência a partir de ancestrais comuns, por matrimônio ou adoção. Isto faz com que o significado de "família" seja confundido com o de "clã", que é um grupo de pessoas relacionadas entre si por parentesco e linhagem e definido pela descendência de um mesmo ancestral reconhecido como "membro fundador".  Independentemente de qual seja o conceito de origem da família, na maioria das sociedades a família é unida por graus de parentesco e por laços que mantêm - ou pelo menos deveriam manter - entre seus membros uma relação por meio de princípios morais e recíprocos ao longo de gerações.
Quando passamos a considerar a união entre duas pessoas do mesmo sexo como "casal" sob o ponto de vista marital, isto provoca novos fenômenos sociais que fazem surgir as chamadas "famílias alternativas". Independentemente de quais sejam os conceitos, o que ainda predomina como família é o que a considera como o grupo primordial na construção ininterrupta da sociedade. É por meio dela que se inicia a socialização de cada pessoa. No entanto, a família como instituição passou a ter mudanças drásticas a partir de separações de casais, divórcios, formação de casais sem o casamento dentro de formalidades jurídicas e, mais recentemente, o surgimento de "casais" homossexuais. Inevitavelmente isto traz novos conceitos sobre funções destinadas ao homem e à mulher, já que não há um homem entre alguns "casais" e não há uma mulher entre outros.
Seja como for o início de sua formação, dificilmente a família deixará de ser vista pela maioria da sociedade como os sociólogos costumam descrevê-la: um "lugar privilegiado". Ou seja, um grupo de pessoas interligadas por afinidades que sempre farão com que ele seja a base da construção dessa sociedade. Se por um lado continuarmos considerando como "família" o que alguns sociólogos dizem que ainda é - ou seja, a instituição social que canaliza, regula e confere significados sociais e culturais à sexualidade e à procriação, por outro lado o fato de considerar como família um casal homossexual e seus filhos adotados faz esse conceito cair por terra porque elimina o quesito "procriação".
O que estou tentando dizer é que é evidente que os conceitos de "família" são forçosamente modificados pelo surgimento dessas "famílias alternativas mas não podemos mudar que mudanças nos conceitos de "família" são coisas que sempre ocorreram ao longo da história da humanidade e da história particular de cada sociedade. Os motivos são vários: religiosos, financeiros, etc. O surgimento de cada nova religião sempre trouxe mudanças nas estruturas religiosas (que também sempre influenciam nas estruturas sociais) da famílias. As frequentes crises econômicas enfrentadas em cada país e no mundo também fazem com que as famílias tenham que se adequar a novas necessidades financeiras, e isto traz mudanças sociais nem sempre imediatamente visíveis dentro da própria família. Agora, os "casais homossexuais" certamente provocam novas mudanças. Se eles não viessem a existir, viriam outras mudanças, outros tipos de famílias causados por outros fatores.  Isto sempre aconteceu e sempre acontecerá.

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