segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Fumacê Prejudica Mais As Pessoas do que os Mosquitos

Especialistas afirmam que o "fumacê" não tem eficácia
no combate aos mosquitos.
(Foto: Arquivo Google) 
"A melhor forma
de combater os mosquitos
é atacando os criadouros,
não lançando inseticidas no ar",
diz um especialista.

Quando o carro do "fumacê" passa pelas ruas do bairro onde moro, eu sinto ardência nas narinas e nos lábios e vem ao mesmo tempo uma série de espirros. Percebo, portanto, que o inseticida é nocivo à saúde humana. Sim, porque a ardência e os espirros são um aviso de rejeição do meu organismo ao inseticida que é lançado ao ar em todo o bairro. Isto me fez pesquisar a respeito, e encontrei algumas opiniões de médicos e especialistas em combates a insetos que são claramente contra o uso do "fumacê" e explicam os motivos.
No Brasil, o inseticida mais utilizado no "fumacê" para combater os mosquitos Aedes aegypti, transmissores do Zyka vírus e dos vírus causadores da dengue e da chikungunya, é o malathion. Sua fórmula é diferente das dos inseticidas encontrados nos supermercados e sua distribuição é feita somente pelo governo federal, que compra o produto, o distribui entre os estados e os governos estaduais repassam para os municípios. Os especialistas dizem que, por ser um inseticida, causa danos à saúde das pessoas como qualquer outro inseticida. Por isto, antes dele ser lançado nos locais onde há residências, seria necessário que os moradores, antes disso, deixassem o local. Aí surgem as perguntas:

1 - Como isto seria possível se em muitos municípios os moradores não são previamente informados?
2 - Deixar o local e ir para onde?

Eis aí duas perguntas que ninguém responde. Quando respondem, não dão uma resposta satisfatória. Falam em deixar a residência como se fosse fácil qualquer família sair de casa e ir para algum outro lugar em qualquer momento. Segundo o Uol Saúde, a entomologista (especialista em estudos sobre os insetos) Denise Valle, da Fiocrus, disse que todos os inseticidas afetam o sistema nervoso humano. Quanto a isto, o que é usado no "fumacê" não é uma exceção. "O que muda de remédio para veneno é a dose. Neste caso [combate ao Aedes aegypti] ele é jogado em doses capazes de matar o mosquito. O problema é o uso indiscriminado de inseticidas. Há condomínios que passam inseticida duas vezes por dia, um absurdo. O inseticida serve para bloquear epidemias e não deve nunca ser usado de forma preventiva", diz Denise. 
O coordenador geral de Ações de Controle do Aedes Aegypti da prefeitura de São Paulo (SP), Alessandro Giangola, disse que a melhor forma de acabar com os mosquitos é acabando com os criadouros, não lançando inseticidas no ar. Um estudo baseado nisto, realizado por pesquisadores da Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), mostra a necessidade de mudanças nas estratégias de controle da dengue no Brasil. Num estudo feito em Roraima, foi revelado que as necessidades recomendadas pelo Programa Nacional de Controle da Dengue não mais suficientes para impedir a disseminação do vírus tipo 4 desde 2010. Numa informação dada naquele ano, Denise Valle disse: “Analisamos uma situação em que todas as ações foram realizadas de acordo com o protocolo do Ministério da Saúde, que segue as recomendações da Organização Panamericana de Saúde (Opas) e da OMS. Mesmo assim, o impacto sobre a infestação de mosquitos Aedes aegypti foi pequeno. Esse é um exemplo contundente de que é preciso refletir sobre quais são as melhores práticas de controle”.
O médico nacionalmente conhecido Drauzio Varella afirma em seu site: "Combater o mosquito da dengue com inseticidas é guerra perdida. Popularmente conhecido como fumacê, a eficácia do método de espalhar nuvens de inseticida pelas ruas é comprometida, porque os moradores fecham as janelas assim que o caminhão aparece na esquina e o Aedes aegypti não é bobo, corre para esconder-se nas frestas e nos cantos das casas."
Por que as pessoas fecham as portas e janelas de suas residências? Porque sentem os incômodos causados pelo "fumacê". E por que sentimos esses incômodos? Porque é o nosso corpo que está nos avisando que o fumacê nos faz mal. Em seu seu site, Drauzio Varella cita novos métodos, bem mais eficazes, que estão sendo aplicados em outros países e estão obtendo sucesso, e que podem ser aplicados no Brasil.  

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