terça-feira, 2 de agosto de 2016

A Arca de Noé: realidade ou apenas uma alegoria?

A Arca de Noé na arte de Edward Hicks. 
Relatos semelhantes
provenientes de outros povos
não significam
que a história seja real.

A história da arca de Noé é uma das mais conhecidas do mundo. Ela faz parte do Gênese (ou Genesis), o primeiro livro do Velho Testamento, a primeira parte da Bíblia. Segundo o relato bíblico, a arca era um enorme navio de madeira construído por Noé com a ajuda de seus filhos Cão, Sem e Jafé. Diz a Bíblia que Deus, arrependido por ter criado a humanidade por causa dos graves pecados que esta vinha cometendo, determinou a Noé que este construísse a arca seguindo suas orientações para salvar a si mesmo, sua família (esposa, filhos e noras) e um casal de cada espécie animal existente no mundo. O relato diz que Deus revelou a Noé sua intenção de fazer chover água até cobrir o mundo para eliminar toda a humanidade, mas Noé e sua família, além dos animais, seriam poupados. 
O relato diz que a água cobriu toda a Terra por 40 dias e 40 noites. Quando o volume de água baixou, a arca estacionou sobre o monte Ararate.
Há algumas questões sobre essa história que merecem ser consideradas. Não se trata de dúvidas sobre a existência e o poder de Deus. Ao contrário, são questões trazidas à tona exatamente por causa dessa existência. Deus é onipresente, onisciente e onipotente. Isto significa que ele está sempre presente em todos os lugares ao mesmo tempo e que seus poderes e sua sabedoria são ilimitados. Portanto, o fato de dizer que ele se sentiu arrependido de ter criado a humanidade é contraditório: ele saberia o que resultaria do que ele mesmo criou.
Os que consideram a história da arca literalmente real dizem que outros relatos vindos de diferentes povos a confirmam. De fato, a Epopeia de Gilgamesh, um rei assírio (povo que viveu na Mesopotâmia), relata que Unapishtin recebeu dos Deuses uma determinação para construir uma grande embarcação para pôr nela sua família e um casal de cada animal porque um dilúvio estava para ocorrer.
Devemos lembrar que tribos indígenas brasileiras contavam lendas sobre a Uiara, um ser metade mulher-metade peixe cujos habitats eram as águas dos rios e lagos. O fato da Uiara ser descrita como as sereias da mitologia grega não confirma que estas existam ou já tenham existido. Portanto, relatos semelhantes não são provas de veracidade. 
Os especialistas em escritos antigos dizem que a Epopeia de Gilgamesh é um relato mais antigo do que a Bíblia. Se assim for, parece-me o relato hebraico teve influências da história contada pelos assírios. 
Também é preciso lembrar que desde aquelas eras muitas espécies animais têm desaparecido e muitas outras estão em risco de extinção, mas ainda assim seria impossível acomodar um casal de cada espécie numa embarcação como aquela. Apesar disto, muitos estudiosos procuram possíveis vestígios da arca principal no nordeste da Turquia, região onde se situa o monte Ararate. Apesar do auxílio de satélites e outros meios tecnológicos atuais, até hoje nenhum vestígio foi encontrado. Por enquanto, tudo ainda parece indicar que a verdade contida na história da arca de Noé não é literal. É uma verdade alegórica, como as das fábulas e lendas que sempre nos ensinam exemplos da vida real.



Fontes:
  • "A Bíblia Sagrada" - Editora da Sociedade Bíblica do Brasil - Rio de Janeiro, RJ.
  • "A Epopeia de Gilgamesh" - edição especial da Revista Planeta - Editora Três - Rio de Janeiro, RJ.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por prestigiar este blog. Seus comentários sempre serão muito importantes.