Os telejornais de todo o Brasil - e de todo o mundo - mostraram hoje reportagens demonstrando grande preocupação com o novo aumento do dólar. E têm toda razão para isto, infelizmente. O ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mântega, que está em Washington, disse que a alta do dólar reflete a "aversão" a riscos decorrentes da demora da resolução dos problemas econômicos nos países da Europa. Em entrevista coletiva na capital dos Estados Unidos, Mântega disse que o comitê tripartidário que esteve em reunião com o ministro da Fazenda da Grécia ficou satisfeito com o resultado do encontro. "Parece que as coisas vão caminhar para um desfecho favorável", disse o ministro brasileiro.
O que mais atraiu minha atenção foi o fato de que, depois do dólar ter uma alta de 3,75% e ser vendido a R$ 1,858 anteontem, ontem (quinta-feira) o Banco Central do Brasil anunciou a venda da divisa no mercado futuro. Ainda ontem o dólar teve uma valorização de quase 5% pela manhã, chegou a cair por volta das 14 hs e a subir novamente pouco depois das 16, sendo vendido por R$ 1,912.
"Venda de mercado futuro" é o que os economistas chamam de "oferta de contratos de 'swap cambial' tradicionais". Trata-se de uma operação que visa amenizar as previsões de aumento do dólar no mercado à vista. Isto quer dizer que o Banco Central já estava prevendo o novo aumento do dólar ocorrido ontem ao final da tarde.
A última vez que o BC realizou uma operação como esta foi no dia 26 de junho de 2009. Foi quando o Brasil foi atingido pelos impactos da primeira fase da crise econômica mundial. Na véspera daquele dia, a cotação do dólar teve um aumento de 3,75%, com a moeda sendo vendida a R$ 1,858. Com o resultado de ontem, a alta do dólar já acumulou 7,27% na semana. No mês, a cotação da divisa acumulou 16,67%. No ano, o dólar acumulou até agira uma alta de 11,52%.
O agravamento da crise econômica mundial está deixando os investidores do mercado acionário internacionais obviamente muito preocupados. Para se ter uma ideia da profundidade dessa preocupação, basta dizer que o dia de hoje (sexta-feira) começou com os mercados mundiais operando "no vermelho". Ontem, as bolsas asiáticas fecharam o pregão em queda, mesmo depois que o Federal Reserve - o "Banco Central" dos Estados Unidos - anunciou medidas para evitar a recessão.
No Brasil, os economistas estão prevendo significativos aumentos nos preços dos alimentos para os próximos dias. mesmo coma pequena reversão do valor do dólar registrada na manha desta sexta-feira, chegando a ser comercializado por R$ 1,87, sua cotação ainda pode afetar os preços de muitos produtos destinados aos consumidores, especialmente os gêneros alimentícios. Isto com certeza trará um significativo aumento da inflação, que ficará acima da meta estabelecida pelo governo brasileiro, de 4,5%.
Os economistas dizem que se o câmbio do dólar permanecer entre R$ 1,80 e R$ 1,90, isto já será suficiente para a inflação deste ano ficar acima da meta. Com isto, produtos como o trigo, a soja e seus derivados entram na lista de itens que poderão ter grande aumento de preços, já que a produção brasileira não é auto suficiente. No caso do trigo a situação é pior, porque, já que a produção brasileira não é suficiente para abastecer o mercado interno, o preço já está na iminência de uma alta devido à queda da safra nos Estados Unidos. Isto significa que os preços do pão francês (ou "pão de sal", como dizem os capixabas), do macarrão, da farinha de trigo, etc., poderão disparar dentro de alguns dias. Os preços de outros produtos também estão na iminência de aumentar.
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