sábado, 9 de junho de 2012

Religião, Espiritismo, Espiritualismo e Espiritualiade

Frequentemente essas quatro palavras
são empregadas 
como se fossem sinônimas entre si. 
Seus significados estão 
intimamente relacionados entre si,
mas não são os mesmos. 

Muitas pessoas não gostam de conversar sobre religião porque temem que a conversa se transforme numa discussão inútil e desagradável. No entanto, como em qualquer outro tema, as pessoas tem o direito de revelar seus pontos de vista e de que estes sejam respeitados - obviamente respeitando os pontos de vista das outras pessoas. Mas o que é uma religião? As definições são muitas, podendo ser descrita como simplesmente uma crença em seres espirituais, incluir descrições mais profundas sobre crenças e práticas religiosas, etc. Parece-me que cada pessoa tende a definir a religião - ou sua própria religião - à sua maneira, dependendo basicamente de experiências vividas, de como vê o mundo à sua volta, etc. 
Porém, sabe-se que a palavra "religião" provém da palavra latina "religare", que significa "religar". Em termos especificamente religiosos, essa origem sugere que se trate da busca do estabelecimento de uma religação entre o natural e o chamado sobrenatural. Quando se afala em "sobrenatural", muita gente logo pensa em fantasmas, vampiros, lobisomens, etc. Na verdade, chamamos de "sobrenatural" não exatamente ao que não é natural, mas a tudo que está acima da nossa capacidade de compreensão do que é natural. Em termos mais simples, poemos dizer que a religião é a busca de uma religação com Deus - ou com os deuses, no caso das religiões politeístas (*).
Os antropólogos descrevem as crenças e práticas religiosas tal como a veem nas comunidades estudadas por eles. Para eles, a religião é um elo que ajuda a manter as pessoas unidas entre si compartilhando entre elas experiências e explicações de fatos da vida. Neste caso a religião assume a condição de um comportamento humano coletivo em resposta às dificuldades da vida. 
Os sociologistas também definem a religião em dimensões sociais, mas unindo a isto uma forma do crente interpretar o mundo em que vive. Ou seja: cada membro da comunidade tem um senso individual de proposições e significados dos fatos naturais, relacionando-os aos não naturais (ou sobrenaturais). 
E os teólogos, o que dizem?
Bem, pelo menos um deles, o inglês Douglas Davies (autor de "O Estudo da Religião"), explica que "teologia" é um termo normalmente usado para o estudo de de uma religião específica, considerando que os significados de suas doutrinas tem se desenvolvido ao longo de anos, e que essas doutrinas geralmente são derivadas de escrituras, de interpretações de escrituras, ou - como ocorre entre tribos indígenas - passadas oralmente de geração a geração. Neste caso, temos que considerar a formação de diferentes linhas de tradições surgidas ao longo do tempo, pois a passagem escrita ou oral de geração a geração obviamente traz constantes transformações nas interpretações, tanto por razões pessoais como coletivas. 
Já que a palavra "religião" está relacionada a "religação" - e não "ligação" - isto sugere que se trate de uma forma de buscar uma ligação entre as pessoas e Deus ou seus deuses ou seja qual for o ser ou os seres em que eles adotam como alvos de adoração. Entretanto, embora as definições sejam diferentes, isto não significa que algumas estejam certas e outras estejam equivocadas. Se unirmos as definições descritas aqui, verificamos que podemos definir a religião como um sistema de crenças e adorações adotado por uma comunidade que expressa seus pensamentos através de mitos, doutrinas, princípios éticos, rituais em memória de experiências passadas, etc. 
Como toda religião é a busca de uma religação entre o natural e o chamados "sobrenatural", toda religião é espiritualista. "Espiritualismo" é qualquer sistema ou conjunto de práticas religiosas que visa o estabelecimento de uma comunicação entre os humanos e os espíritos. Desta forma, todo espírita é espiritualista, mas nem todo espiritualista é espírita. Isto porque os espíritas acreditam na capacidade do ser humano se comunicar com os espíritos de pessoas que já faleceram. A maioria dos católicos e de outras igrejas cristãs não admite essa possibilidade. 
Entretanto, embora isto pareça uma contradição, os católicos acreditam que os santos - pessoas mortas "canonizadas" pela Igreja - são seus intercessores junto a Deus. Portanto, acreditam no poder de comunicação entre eles e os espíritos das pessoas "canonizadas", considerando estes como elos entre a humanidade e o Espírito Maior, ou "Espírito Santo" - ou seja: Deus. 
As demais "denominações cristãs", popularmente mais conhecidas como "evangélias", não admitem a existência de santos, mas mantém sua fé no poder de Jesus - ou seja, no poder do espírito de Jesus - como seu único intercessor em relação a Deus. Desta forma, são também espiritualistas. 

(*) Religiões que admitem a crença em vários deuses. 

Referência:
  • "The Study of Religion" - artigo do teólogo inglês Douglas Davies, publicado no livro "The World's Religions" ("As Religiões do Mundo"), de diversos autores. Publicação da Lion Handbooks, da Inglaterra. 


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