Esses fatores variam
desde o desconforto nas escolas
à falta de preparo de muitos professores.
desde o desconforto nas escolas
à falta de preparo de muitos professores.
Não é sem razão que quando o Programa de Pesquisa Internacional de Aprendizagem (Pisa) inclui o Brasil em suas pesquisas entre 30 ou 40 países para comparar os níveis de aprendizagem, que geralmente se refere a alunos com cerca de 15 anos de idade, o nível brasileiro se classifica sempre em um dos últimos lugares. Muita gente diz que muitos desses jovens tem "preguiça de estudar". Sim, muitos deles são assim, mas muitos também são interessados em estudar, porém as condições a que eles são submetidos são desastrosas. A foto acima nos dá um exemplo disto: a sala parece estar em condições "razoáveis" (ainda precisa ser melhorada), mas as carteiras são claramente muito desconfortáveis. Entretanto a foto mostra apenas um exemplo de algo que ocorre em muitas escolas em todo o país.
O problema começa já em creches e pré-escolas. Um estudo lançado no fim do ano passado através de uma parceria entre o Ministério da Educação (MEC), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Fundação Carlos Chagas (FCC) revela dados que já foram revelados em 2010 e que ainda não melhoraram. Ao contrário, tudo indica que estão piorando. Depois de avaliarem 147 instituições (incluindo creches e pré-escolas) em pelo menos seis capitais brasileiras, os pesquisadores concluíram que, entre notas de zero a dez, a maioria dessas instituições merece menos de quatro. Eles mesmos reconhecem que é preciso avançar muito para se chegar a um nível minimamente aceitável para que essas crianças tenham condições de aprendizagem necessárias para um bom desempenho durante o nível médio.
Entre os aspectos avaliados, o que recebeu as piores notas foi o de "atividades". Segundo os pesquisadores, muitas dessas creches e pré-escolas não tem bibliotecas com livros infantis nem garantem às crianças atividades básicas necessárias como algumas brincadeiras. A professora Maria Malta Campos, uma das pesquisadoras, disse que uma das causas disto é o grande número de funcionários que atuam sem o devido preparo nesses estabelecimentos. Para ela, a formação adequada de profissionais em todas as áreas de educação ainda necessita muito de atenções e de ações efetivas do Poder Público.
É claro que um nível de educação infantil assim causa impactos profundamente graves no desenvolvimento da aprendizagem durante o ensino fundamental e, depois, durante o ensino médio e o superior. A situação é tão grave que os níveis de educação infantil considerados melhores em três dentre as seis capitais pesquisadas (Campo Grande, em Mato Grosso do Sul; Florianópolis, em Santa Catarina, e Teresina, no Piauí) só obtiveram no máximo 2,9 a mais do que as outras. Para as instituições obterem essas notas, as crianças foram submetidas a um teste de aprendizagem chamado "Provinha Brasil".
O problema começa já em creches e pré-escolas. Um estudo lançado no fim do ano passado através de uma parceria entre o Ministério da Educação (MEC), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Fundação Carlos Chagas (FCC) revela dados que já foram revelados em 2010 e que ainda não melhoraram. Ao contrário, tudo indica que estão piorando. Depois de avaliarem 147 instituições (incluindo creches e pré-escolas) em pelo menos seis capitais brasileiras, os pesquisadores concluíram que, entre notas de zero a dez, a maioria dessas instituições merece menos de quatro. Eles mesmos reconhecem que é preciso avançar muito para se chegar a um nível minimamente aceitável para que essas crianças tenham condições de aprendizagem necessárias para um bom desempenho durante o nível médio.
Entre os aspectos avaliados, o que recebeu as piores notas foi o de "atividades". Segundo os pesquisadores, muitas dessas creches e pré-escolas não tem bibliotecas com livros infantis nem garantem às crianças atividades básicas necessárias como algumas brincadeiras. A professora Maria Malta Campos, uma das pesquisadoras, disse que uma das causas disto é o grande número de funcionários que atuam sem o devido preparo nesses estabelecimentos. Para ela, a formação adequada de profissionais em todas as áreas de educação ainda necessita muito de atenções e de ações efetivas do Poder Público.
É claro que um nível de educação infantil assim causa impactos profundamente graves no desenvolvimento da aprendizagem durante o ensino fundamental e, depois, durante o ensino médio e o superior. A situação é tão grave que os níveis de educação infantil considerados melhores em três dentre as seis capitais pesquisadas (Campo Grande, em Mato Grosso do Sul; Florianópolis, em Santa Catarina, e Teresina, no Piauí) só obtiveram no máximo 2,9 a mais do que as outras. Para as instituições obterem essas notas, as crianças foram submetidas a um teste de aprendizagem chamado "Provinha Brasil".
Desconforto nas Escolas
Muitas vezes vemos reportagens na televisão mostrando escolas com paredes, tetos, pisos, banheiros, etc., em péssimas condições. Essas situações no país costumam ser mais graves do que se imagina. Sim, porque evidentemente nem todas são mostradas. Mas há uma outra situação de desconforto que também precisa ser analisada com o devido cuidado: o desconforto dos alunos, mesmo em salas aparentemente adequadas como a da foto. Se você tiver a oportunidade para isto, experimente sentar-se numa carteira como aquelas e permanecer sentado(a) nela por uns 20 minutos. Isto servirá para você perceber o quanto essas carteiras são desconfortáveis.
Em sua tese de mestrado em educação na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), a pedagoga Lídia Cláudia Alves Ling (o nome é só coincidência) diz que o desconforto causado pelos tipos de cadeiras (ou "carteiras") escolares ainda em uso no Brasil leva a um desconforto para o aluno que influencia no desempenho de trabalhos, nas provas, etc., e causa vícios de postura e fadigas musculares.
O professor nem sempre percebe, mas quando um aluno pede muito para sair da sala, na maioria dos casos é porque é a única forma que ele encontra para fugir do mal jeito provocado pela cadeira. Um bom professor deve reparar que, durante uma leitura, os alunos e as alunas costumam movimentar as pernas ou os pés com certa frequência. Isto ocorre porque o desconforto provoca inquietação do estudante como tentativa de amenizá-lo.
Em sua tese de mestrado em educação na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), a pedagoga Lídia Cláudia Alves Ling (o nome é só coincidência) diz que o desconforto causado pelos tipos de cadeiras (ou "carteiras") escolares ainda em uso no Brasil leva a um desconforto para o aluno que influencia no desempenho de trabalhos, nas provas, etc., e causa vícios de postura e fadigas musculares.
O professor nem sempre percebe, mas quando um aluno pede muito para sair da sala, na maioria dos casos é porque é a única forma que ele encontra para fugir do mal jeito provocado pela cadeira. Um bom professor deve reparar que, durante uma leitura, os alunos e as alunas costumam movimentar as pernas ou os pés com certa frequência. Isto ocorre porque o desconforto provoca inquietação do estudante como tentativa de amenizá-lo.
Professores Despreparados
Uma pesquisa feita pela Fundação Victor Civita revela dez itens que contribuem para o agravamento desta situação: cultura escolar elitista proveniente de uma "herança imperial", falta de visão estratégica, gestão ineficiente, desinformação social, interesses corporativistas, perigo das "causas nobres", fracasso escolar (o alto índice de reprovação pode estar relacionado, muitas vezes, à incapacidade do professor em ensinar, nem sempre do aluno em aprender), despreparo dos professores e defasagem do sistema.
Nossa cultura escolar é elitista porque aluno rico estuda em escola particular e aluno pobre estuda em escola pública. Isto ocorre desde o tempo do Brasil Imperial. O pior é que, como atualmente alunos que estudam em escolas públicas tem prioridades para ingresso em universidades públicas, muitos alunos de famílias recas estudam em escolas públicas para também conseguirem esse privilégio. Enquanto isto, alunos de famílias pobres estudam em escolas públicas por seus pais não terem condições de pagar as altas mensalidades das escolas particulares para depois concorrem a cursos de nível superior em universidades públicas competindo com pobres e ricos. Agravando essa situação, há um "acordo de cavalheiros" entre as escolas públicas e privadas: o mercado de ensino privado é restrito na educação básica e amplo na superior e ao mesmo tempo o mercado de ensino público é amplo na educação superior e restrito na básica.
Para mostrar esses problemas de forma resumida, a Fundação Victor Civita mostra o seguinte quadro:
Para mostrar esses problemas de forma resumida, a Fundação Victor Civita mostra o seguinte quadro:
Educação elitista:
- Excelência exclusiva para a elite;
- Homogeneizadora e excludente;
- Ensino e liberdade de ensino;
- Currículo enciclopédico por disciplinas e conteúdos;
- Ensino para a seleção e para a hierarquia escolar.
Educação para todos (ou "como deveria ser"):
- Igualdade de oportunidades e diversidade de tratamento;
- Acolhedora, usando a diversidade para ensinar e incluir a todos;
- Currículo enxuto, contextualizado e por competências;
- Ensinar para a vida.
Entretanto, esses apontamentos não são novidades para nós, embora mereçam atenção. O que mais me atrai a atenção nas informações da fundação é o que se refere à falta de preparo dos professores. Para melhorar o sistema educacional, é preciso melhorar o trabalho com a diversidade, e o professor é a chave fundamental para isto.
Dizem que o professor recebe salários baixíssimos em todo o país. Isto é verdade, mas é verdade também que o número de professores desqualificados para esta profissão é imenso. Os cursos que formam professores ainda adotam uma cultura pedagógica e didática arcaica baseada numa clientela escolar social e culturalmente ideal e homogênea, mas a realidade na qual o professor trabalhará o coloca diante de uma e muito diversificada social, cultural e economicamente.
Porém, este é um assunto que requer análises mais profundas. Portanto, voltarei a mencioná-lo na próxima postagem.
Dizem que o professor recebe salários baixíssimos em todo o país. Isto é verdade, mas é verdade também que o número de professores desqualificados para esta profissão é imenso. Os cursos que formam professores ainda adotam uma cultura pedagógica e didática arcaica baseada numa clientela escolar social e culturalmente ideal e homogênea, mas a realidade na qual o professor trabalhará o coloca diante de uma e muito diversificada social, cultural e economicamente.
Porém, este é um assunto que requer análises mais profundas. Portanto, voltarei a mencioná-lo na próxima postagem.
Fontes:
- Revista "Nova Escola" online - Editora Abril
- Carteiras escolares
- Fundação Victor Civita - "Os Dez Maiores Problemas da Educação Básica no Brasil" (documento em PDF).
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